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Inteligência artificial e o futuro dos negócios: como evitar armadilhas?

Inteligência artificial e o futuro dos negócios: como evitar armadilhas?

*Por Carine Bruxel, Fundadora e CEO da BlueBird

Autor: De Assessoria de ImprensaFonte: Carine Bruxel

São Paulo, dezembro de 2024 — A Inteligência Artificial (IA) tem sido a protagonista das inovações tecnológicas nos últimos anos, oferecendo soluções poderosas para empresas de todos os portes. Segundo o levantamento “O Impacto da Pesquisa em 2024”, realizado pelo Instituto dos Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas (IEEE), mais de 60% dos respondentes acreditam que a tecnologia é a principal tendência em inovação em 2024. Além disso, de acordo com um levantamento da Honeywell, 64% dos entrevistados dizem que ganhos de eficiência e produtividade estão entre os principais benefícios do impacto da ferramenta no local de trabalho.

O uso da IA permite redução de custos em ambientes economicamente incertos, ajudando a aliviar cargas de trabalho, remover barreiras administrativas e melhorar a prestação de serviços. No entanto, ao mesmo tempo que traz oportunidades promissoras, ela apresenta desafios que, se não forem cuidadosamente considerados, podem desviar o foco das organizações e impedir que alcancem seus objetivos mais valiosos. Em meio à crescente dependência dessas tecnologias, é essencial entender que a ferramenta deve ser uma aliada estratégica e não uma força que domina o negócio. A pergunta que surge, então, é: como utilizar a inovação, sem perder de vista a essência humana e o propósito que move as empresas?

A IA revolucionou a forma como trabalhamos e interagimos com o mundo, oferecendo desde automação de processos até análises de dados em escala sem precedentes. Um exemplo é a automatização de diversos sistemas que, ao serem interligados, economizam tempo, diminuem erros e fornecem um fluxo de informações de forma mais acessível, estruturada e rápida. No entanto, a adoção acelerada dessa tecnologia pode levar a um erro comum: acreditar que a solução resolverá todos os problemas.

A verdadeira armadilha está no “tecno-solucionismo”, uma crença que tenta nos convencer de que qualquer problema, seja social, econômico ou político, pode ser resolvido apenas com tecnologia. O entusiasmo pela automação faz com que as empresas percam de vista o que realmente as diferencia — o capital humano e as nuances contextuais. Claro, a IA executa muitas tarefas melhor que as pessoas, a custo zero, e assumirá boa parte da manufatura, entrega, design e marketing. Além disso, veículos autônomos, tarefas domésticas, serviços braçais e especializados podem ser realizados sem que os operadores fiquem doentes, sem reclamar, sem pausa e sem receber. Mas não podemos esquecer que a criatividade, empatia e adaptabilidade dos seres humanos são essenciais, especialmente em momentos em que o contato e o relacionamento são fatores determinantes.

Como podemos implementar a IA de forma consciente?

Antes de qualquer implementação de IA, é essencial definir com clareza os objetivos que se deseja alcançar. A tecnologia deve ser utilizada como uma ferramenta que apoia os objetivos estratégicos da empresa, em vez de ser uma solução à procura de problemas. O foco precisa estar sempre em como ela pode gerar valor real e aprimorar as operações de forma concreta e mensurável.

Embora a IA seja extremamente eficiente em tarefas repetitivas, ela não pode substituir a nossa sensibilidade. Empresas que conseguem equilibrar a automação com interações humanas genuínas conquistam mais confiança e lealdade, tanto de clientes quanto de colaboradores. De acordo com uma pesquisa da PwC, 64% dos respondentes acreditam que a falta de elementos humanos nas interações e comunicações com seus usuários saiu de controle. Em um mundo cada vez mais digital, esse toque se torna ainda mais valioso, sendo um diferencial competitivo importante.

A implementação da IA precisa ser acompanhada por uma governança sólida, com diretrizes claras sobre privacidade, segurança de dados e responsabilidade ética. As organizações devem contar com um plano bem estruturado para assegurar que as decisões automatizadas estejam sempre em sintonia com os valores humanos e corporativos, evitando riscos e garantindo transparência.

Além disso, a capacitação digital é fundamental. A alfabetização tecnológica deve ser uma prioridade para líderes e equipes, pois a IA não deve ser vista como um mistério técnico reservado a especialistas. Quando compreendida por todos os envolvidos na tomada de decisões estratégicas, ela se torna uma ferramenta poderosa. Investir no desenvolvimento e treinamento de colaboradores é essencial para que a empresa como um todo esteja preparada para enfrentar as oportunidades e os desafios dessa nova era.

No mundo contemporâneo, a IA ajuda as empresas a oferecerem aos funcionários flexibilidade de trabalho, maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional e um ambiente saudável. Segundo a pesquisa “Índice de Relacionamento com o Trabalho HP“, colaboradores que utilizam esse tipo de solução são 11 vezes mais felizes em suas relações de trabalho se comparados àqueles que não utilizam a tecnologia. A IA permite alocar as pessoas certas nos lugares certos, valorizando as habilidades humanas como criatividade, intuição, curiosidade, sentimento e empatia.

Como podemos desenvolver confiança?

Uma das principais barreiras para a adoção eficaz da IA é a falta de infraestrutura digital e a qualidade dos dados. Organizações que não investirem em uma base tecnológica sólida correm o risco de enxergá-la como uma promessa não cumprida. Além disso, a desinformação sobre como a tecnologia pode realmente ser usada — sem os exageros e temores que acompanham muitas discussões sobre o tema — ainda é um obstáculo. É preciso reforçar a confiança digital e enfrentar a resistência cultural.

É essencial construir uma cultura de confiança digital, em que líderes e colaboradores confiem na tecnologia, mas sempre com um olhar crítico. A IA precisa ser um apoio, não uma solução que se torna um fim em si mesma.

Como valorizar o humano em um mundo automatizado

Acredito que a simbiose entre IA e humanidade seja a chave para o futuro do trabalho, e chamamos isso de "o novo humano" — um conceito que reconhece a solução como uma ferramenta para potencializar as capacidades humanas, sem substituir o que temos de mais valioso: nossa empatia, intuição e criatividade. A tecnologia aliviará a carga de trabalho em áreas repetitivas e administrativas, permitindo que as pessoas concentrem seu tempo e energia no que é verdadeiramente significativo.

Neste novo cenário, as habilidades humanas serão mais demandadas do que nunca. Profissionais criativos, curiosos e capazes de resolver problemas complexos serão essenciais em um mundo onde as máquinas lidam com as tarefas operacionais, mas os humanos criam soluções inovadoras, geram conexões e interpretam dados com sensibilidade.

O Fórum Econômico Mundial prevê que até 2025, a ferramenta e a automação podem substituir 85 milhões de empregos, mas criarão 97 milhões de novos papéis, focando em habilidades como análise de dados, IA e aprendizado de máquina. Uma vez que a superinteligência da tecnologia ultrapasse a inteligência humana, teremos a possibilidade Sde resgatar nosso valor humano, que é único.

A IA é, sem dúvida, uma das maiores inovações de nossa era, mas seu uso consciente determinará o sucesso ou o fracasso de muitas empresas. O segredo está em adotá-la como uma ferramenta estratégica, que apoia os objetivos do negócio sem ofuscar a importância do capital humano. O futuro nos reserva muitas oportunidades, mas cabe a nós, como líderes, garantir que esse horizonte seja moldado de forma ética, equilibrada e centrada nas pessoas.

Estamos em um ponto crucial de transformação, onde a tecnologia e humanidade devem caminhar juntas. O grande diferencial virá para aqueles que souberem utilizar a IA para liberar o potencial humano — porque, no fim, são as pessoas que continuarão a inovar, criar e transformar o mundo ao nosso redor.

Sobre Carine Bruxel

Com mais de 20 anos de experiência em gestão de negócios e 15 anos em tecnologia e inovação, Carine é uma polímata dedicada a explorar os maiores ecossistemas de inovação do mundo, incluindo Vale do Silício (EUA), Tel-Aviv (Israel), Helsinque (Finlândia), Toronto (Canadá), Talín (Estônia) e Genebra (Suíça). Em cada um desses locais, ela busca inspiração, tendências e inovações para fortalecer negócios na nova economia. Investidora, mentora de startups, conselheira na WOW Aceleradora, fundadora e CEO da Bluebird Think Tank, Carine possui expertise multidisciplinar em Estratégia de Negócios, Comportamento Humano, Inovação, Transformação Digital, Foresight, Design de Futuros, Inteligência Artificial, Big Data, Ciência de Dados, Marketing, Consumo e Neurociência. Atualmente, está finalizando um mestrado em Digital Business no Reino Unido. Nos últimos anos, tem se aprofundado em estudos de futuros, com destaque para uma imersão na NASA em 2023 e treinamentos com Amy Webb sobre a metodologia do Future Today Institute, realizados no SXSW 2024. Além disso, Carine é membro do Institute for the Future (EUA) e do Copenhagen Institute for Futures Studies (Dinamarca).