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Aprenda a poupar para fazer seu próprio seguro-desemprego

Aprenda a poupar para fazer seu próprio seguro-desemprego

Fonte: Diário do Comércio
Se você é dessas pessoas que gastam todo o salário antes do final do mês e nem se preocupam em fazer um “pé-de-meia” para os tempos difíceis, é melhor começar a repensar seus conceitos financeiros. Segundo especialistas consultados pelo G1, ter uma reserva que permita sobreviver sem traumas aos imprevistos – como uma demissão ou afastamento do trabalho, por exemplo – é a chave que pode definir a diferença entre uma “volta por cima” bem-sucedida e o início de uma trajetória de endividamento mais profunda. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a maioria das pessoas que procuravam emprego em julho demorava até seis meses para conseguir se recolocar no mercado de trabalho. Por isso, acumular dinheiro suficiente para cobrir os gastos durante este período é uma boa meta para quem quer se preparar para eventuais tempos de dinheiro escasso. “O fôlego (da reserva) vai ajudar a avaliar novas propostas de emprego com calma e não ter que aceitar uma proposta ruim no desespero, por exemplo”, diz o consultor de carreiras da Catho, Renato Wasberski. O especialista em logística César Mangabeira Barbosa, 28 anos, sentiu na pele a experiência de ficar desempregado e com pouco dinheiro. Depois de passar um ano estudando nos Estados Unidos – viagem que havia consumido todas as suas economias –, ele passou um ano e dois meses de volta ao Brasil vivendo com orçamento apertado em busca do emprego ideal. Nesse período, usou o dinheiro que ganhava com algumas aulas que lecionava em uma faculdade para pagar as contas básicas. "O meu carro eu tive que manter na garagem, deixei de usar cartões, não saía com dinheiro para não gastar", diz. "Com uma reserva, você pode aproveitar o tempo para estudar, investir em cursos. Mas se você está parado não tem dinheiro para isso." Como começar? Para o consultor financeiro Louis Frankemberg, mais importante do que definir o tamanho da reserva é começar a poupar alguma coisa o quanto antes. “O mais racional seria ter pelo menos reserva para um ano, para poder procurar um outro trabalho com calma”, diz. “Mas é claro que você não pode começar com todo esse dinheiro. A primeira coisa que a pessoa tem que fazer é se conscientizar de que um imprevisto pode acontecer e guardar um 'x' por mês." O consultor financeiro da IGF, Alexandre Lignos, concorda. “Não adianta se comparar a alguém que já tem anos de bagagem financeira. Tem que dar passos de bebê, começar aos poucos. Tem gente que nem começou a reserva e já está pensando em pagar uma viagem à Grécia”, explica. Faça sobrar Na avaliação dos especialistas, só consegue acumular reserva financeira quem se acostuma a viver com menos do que a renda mensal. “Você tem que viver com 90% do que você ganha”, afirma Lignos. “Para guardar os 10% você conversa com seu gerente e manda fazer um investimento programado, por exemplo, um débito automático mensal que vai direto para um fundo, como se fosse uma capitalização. E esquece”, diz. Para o consultor Louis Frankemberg, até percentuais menores, como 5% da renda mensal, são válidos: o importante é criar o hábito de poupar. Priorize Dedique alguns minutos de atenção ao orçamento e tente identificar os gastos dispensáveis. Se avaliar que todos os itens são importantes, mantenha o foco naquilo que você mais deseja: juntar dinheiro requer sacrifício, segundo Frankenberg. “É preciso frear algumas coisas para ter outras”, diz. Para Lignos, cada oportunidade de reduzir gastos pode fazer a diferença no fim do mês. “Se você economizar R$ 20 nas contas do celular, R$ 20 na água, R$ 50 nas saídas à noite, logo já deram os R$ 200 mensais de uma pessoa. Você já começa a ter uma capacidade financeira muito melhor do que antes”, diz. Defina a meta Para o consultor da IGF, existem algumas dicas que podem ajudar na hora de planejar o período para o qual a reserva financeira deve ser suficiente. Para ele, é importante determinar a quantidade de meses da reserva de acordo com o risco que se tem de perder o emprego. “Quanto maior a insegurança, maior o fundo de reserva”. O especialista recomenda que se junte o equivalente a: - 6 a 9 meses de salário para funcionários públicos - 9 a 12 meses de salário para trabalhadores com carteira assinada - 12 a 15 meses de salário para autônomos, profissionais liberais ou informais. Onde aplicar Como o objetivo das economias é o de servir de socorro em momentos de emergência – que podem vir inesperadamente –, fuja de aplicações em renda variável ou fundos de longo prazo. O melhor é apostar em opções que possam ser resgatadas a qualquer momento, como a poupança. “Para juntar pequenas quantias, deveria-se sempre começar com a poupança. Porque aí a pessoa vai acumular um pequeno rendimento e terá total liquidez”, diz o consultor Frankenberg.