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Consumo deve crescer no Brasil, apesar da crise

Consumo deve crescer no Brasil, apesar da crise

Crise, desemprego, falta de investimento privado, excesso de endividamento, aumento da inadimplência. Esse cenário não será suficiente para derrubar o consumo dos brasileiros ao longo deste ano.

Fonte: EstadãoTags: crise

Paula Pacheco

Crise, desemprego, falta de investimento privado, excesso de endividamento, aumento da inadimplência. Esse cenário não será suficiente para derrubar o consumo dos brasileiros ao longo deste ano. É o que constata o instituto de pesquisas Target Marketing, segundo dados do IPC-Target do Brasil em Foco 2009, antecipado pelo Estado.

De acordo com o estudo da Target, o consumo dos brasileiros chegará a R$ 1,863 trilhão neste ano. O aumento de 1,6% será pequeno em relação a 2008, mas não deixa de ser uma boa notícia diante de um cenário econômico tão incomum como o que se viu nos últimos seis meses.

As despesas das famílias, aponta a pesquisa, crescerá mais do que o Produto Interno Bruto (PIB), que segundo o Banco Central (BC) tem previsão de aumento de 1,2% neste ano.

De acordo com Marcos Pazzini, diretor da Target, nos últimos anos o consumo vinha caminhando para um crescimento mais acentuado da classe B.

"Em 2009, a classe B2, apesar de concentrar a maior parcela do potencial de consumo brasileiro, perdeu participação no total nacional e a classe C foi a que teve o crescimento mais significativo", explica Pazzini.

As classes D e E também vão aumentar sua participação no bolo do consumo. Ainda segundo Pazzini, a classe A1 foi quem perdeu o maior potencial de consumo - 4,1% em 2009 ante 4,6% em 2008.

Como o consumo na área rural (não só espaço agricultável, mas sem infraestrutura de água, esgoto e energia elétrica) deve se manter estável neste ano, o crescimento se concentrará nas cidades.

RENDA MAIOR

Entre os fatores que vão contribuir para o consumo, cita Fábio Romão, economista da LCA Consultores, estão o aumento da renda e o crescimento vegetativo da população. A menor pressão inflacionária também ajuda a compor o cenário mostrado pela Target, porque corrói menos os ganhos dos brasileiros.

Outro fator que vai influenciar, diz Romão, é a antecipação do aumento do salário mínimo em um mês em relação ao ano passado.

A estimativa da LCA é que, ainda que a macroeconomia abale o ritmo de crescimento das vendas do comércio e de geração de empregos que se via até o terceiro trimestre de 2008, é pouco provável que daqui até o fim do ano ocorra algo que mude a previsão de expansão do consumo.

Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios, também acredita que haverá mais consumo, mesmo com a crise.

"Houve muito movimento do governo neste sentido, como a redução de impostos dos automóveis, dos materiais de construção e da linha branca. Além disso, foi anunciado o programa habitacional. Tudo tem algum tipo de influência positiva", lembra Leite.

O especialista acredita que só a inflação ascendente poderá estragar os planos dos consumidores brasileiros. "Se os preços subirem, o Banco Central vai parar de baixar a taxa básica de juros (Selic) e haverá um impacto nos financiamentos. Consequentemente, as vendas podem cair", argumenta Leite.


NÚMEROS

R$ 1,863 trilhão

é o valor que será destinado ao consumo este ano

1,6%
é o crescimento do consumo em relação a 2008

1,2%
é a previsão de crescimento para o PIB