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Vale mesmo a pena implantar programas de qualidade de vida?

Vale mesmo a pena implantar programas de qualidade de vida?

Saiba como programas de bem-estar podem tornar o seu negócio mais saudável

Autor: Elisa CorrêaFonte: Portal Sebrae

Era só o relógio marcar 10 horas para Anderson Ferreira, sócio fundador da Base Brasil, empresa paulista de consultoria em seguros de benefícios, perceber que o rendimento da equipe começava a cair. O mesmo acontecia depois das 15 horas. A razão do desânimo e do cansaço dos 200 funcionários? Fome. “Nesses dois horários, boa parte dos colaboradores já está há tempo sem comer. Em uma cidade como São Paulo, muitos tomam café da manhã ainda de madrugada para conseguir chegar a tempo”, afirma Ferreira. Ele viu no problema uma oportunidade para introduzir alimentos saudáveis na empresa. Criou o programa Comer Bem, um carrinho conduzido pela copeira que passa no meio da manhã e da tarde nas estações de trabalho para oferecer, gratuitamente, frutas, barras de cereal e iogurtes. “O custo é baixo. Sai, em média, R$ 25 por pessoa ao mês”, diz Ferreira. Com o programa, a produtividade da equipe aumentou em 30% e, em dois anos, houve uma redução de 73% nas ocorrências de distúrbios gastrointestinais.

Empolgado, Ferreira passou a promover outras ações: convênio com farmácias (que oferecem descontos nos medicamentos e prazo de 45 dias para o pagamento), blitz de nutrição e de fisioterapia e o programa anjo da guarda, que consiste no monitoramento e em cuidados especiais voltados aos portadores de doenças crônicas. “Diminuímos em 10% as despesas com saúde e o número de afastamentos médicos caiu 30%”, afirma Ferreira. 

Qualidade de vida é competitividade. “Os empreendedores precisam entender que cuidar do bem-estar da equipe tem a ver com sustentabilidade econômica”, afirma Alberto Ogata, presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida. “O funcionário estressado ou com problemas de saúde tem uma produtividade menor e muito mais chance de se envolver em acidentes de trabalho.” Para decidir quais ações implementar, Ogata lembra que é preciso conciliar as metas da empresa ? diminuir faltas, acidentes e gastos com médicos ? com os interesses dos colaboradores. “Deve-se descobrir o que eles consideram importante para o programa ter popularidade”, diz.

Na Herbarium, indústria paranaense de fitoterápicos, os funcionários que estudam motivaram uma alteração no refeitório. Além do café da manhã e do almoço, oferecidos regularmente, quem frequenta cursos noturnos recebe um lanche especial antes de deixar o expediente. No ano passado, a Herbarium criou ainda uma clínica de fisioterapia interna, que atende gratuitamente os colaboradores e oferece, além do programa de esportes, aulas de teatro e coral aos interessados. “Há quatro anos tínhamos 5% dos colaboradores afastados, hoje não temos nenhum. Nosso índice de faltas é menor que 2%, nossa taxa de rotatividade é de 5% e acontece, principalmente, na equipe de vendas, que trabalha fora da empresa e não desfruta dos programas internos”, afirma Joanita Plombon, supervisora de recursos humanos. “Essas ações foram pensadas para melhorar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional dos funcionários e trouxeram, como resultado, um aumento da produtividade e da motivação”, diz.

COMO ANDA A SAÚDE DOS TRABALHADORES

O Sesi realizou pesquisa pioneira, em todo o Brasil, sobre o estilo de vida e hábitos de lazer dos trabalhadores da indústria, com 47.886 funcionários de 2.775 empresas. Confira. 

20,9% afirmam não ter uma boa qualidade de sono 
33% consomem álcool em excesso 
34,7% se sentem cansados após o trabalho 
40,5% têm excesso de peso 
45,4% não realizam qualquer atividade física 
47,9% alimentam-se com uma baixa quantidade de verduras e salada verde 
51% nunca ou raramente usam protetor solar