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Bens de capital devem ter proteção extra

Bens de capital devem ter proteção extra

Para salvaguardar indústria nacional, governo estuda incluir 11 segmentos em lista de Imposto de Importação maior

Fonte: Folha de S.Paulo

O governo planeja oferecer uma proteção adicional à industria nacional de máquinas e equipamentos (os chamados bens de capital).

Para a área econômica, o setor precisa de mais proteção. Ainda não há consenso sobre a forma de conceder o benefício, mas a Folha apurou que um dos caminhos é fazer uma revisão da lista de exceções à Tarifa Externa Comum do Mercosul, a Letec.

A relação permite tarifas de importação acima do teto definido para o bloco que reúne Brasil, Argentina, Venezuela e Uruguai.

A avaliação é que os bens de capital, que têm peso importante na pauta exportadora de manufaturados do país, ficariam desprotegidos em outubro, quando termina o aumento temporário do Imposto de Importação para cem produtos.

O fim dessa sobretaxa havia sido defendido pelo Ministério da Fazenda, para retirar a pressão sobre os preços dos importados e ajudar a controlar a inflação. Sem os impostos maiores, a concorrência se acirra e os preços nacionais tendem a baixar.

Apesar de o fim da proteção ter sido anunciado no mês passado pelo ministro Guido Mantega (Fazenda), o Ministério do Desenvolvimento quis propor uma saída intermediária, que resguardasse os bens de capital.

A proposta era manter parte da lista, o que foi recusado pela área econômica.

SAEM ALHO E COGUMELO

A ideia da Fazenda é acomodar os bens de capital na lista de exceções, Letec, que é permanente. Hoje já há oito categorias de bens de capital nessa relação, e os planos são incluir outras 11. Para isso, seriam retirados produtos como alho, cogumelo e algodão, por exemplo. Assim como a lista temporária, a Letec tem limite para cem produtos.

Segundo a Folha apurou, há no governo disposição para beneficiar ainda produtos químicos e siderúrgicos, que também sofrerão um assédio maior dos importados sem a proteção temporária.

A indústria de bens de capital é um setor estratégico, pois dá suporte à cadeia produtiva do país. As medidas de proteção visavam equilibrar a perda de competitividade com produtos importados.

Segundo a Abimaq, que representa o setor, de outubro do ano passado, quando a lista temporária entrou em vigor, até junho deste ano, a compra de produtos estrangeiros caiu em média mais de 20% para bens de capital, em valor e quantidade. Em algumas categorias, a redução das importações superou 30%.

Dos 11 produtos protegidos pela relação, apenas 3 não reagiram ao estímulo. O diretor de comércio exterior da Abimaq, Klaus Curt Muller, considera importante fazer a migração para a lista permanente de exceções.

A entidade informou que possuía outros 48 pleitos para uma eventual segunda lista temporária, projeto engavetado pelo governo, ao menos por ora.

Procurado, o Ministério da Fazenda afirmou apenas que a lista temporária não será prorrogada. O Ministério do Desenvolvimento não quis comentar.

 

SAIBA MAIS

Lista protege produtos específicos

A lista de exceções da Tarifa Externa Comum do Mercosul (Letec) foi criada quando o bloco instituiu alíquotas unificadas de importação de produtos, nos anos 1990.

Na ocasião, ficou definido que cada país poderia excluir alguns itens da relação de acordo com a necessidade de seus produtores locais.

O acordo vigente prevê um limite máximo de cem produtos na lista de exceções que valerá até 2015, quando o pacto será revisto. Essa relação pode conter tanto reduções quanto elevações tarifárias. O governo brasileiro revisa semestralmente a lista e faz alterações dependendo do cenário econômico.

Além desse mecanismo, os países do Mercosul definiram em 2011 que estabeleceriam uma lista adicional e temporária, com acréscimos na tarifa de importação, como forma de resguardar seus mercados locais diante da crise econômica mundial.

Com a desaceleração internacional, os países desenvolvidos começaram a brigar de forma mais agressiva pelos mercados emergentes, o que poderia afetar a produção local.

A lista temporária, aprovada em outubro do ano passado, com cem produtos, tem validade de 12 meses e poderia ser prorrogada por mais um ano.

O governo brasileiro chegou a anunciar que estudava elevar a relação para 200 produtos, mas desistiu da ideia diante da pressão inflacionária.