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Discussão sobre direitos de empregados domésticos continua no Congresso

Discussão sobre direitos de empregados domésticos continua no Congresso

Diversos direitos garantidos na Constituição ainda não estão valendo porque precisam de regulamentação, como o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.

Uma mudança na Constituição promulgada em abril do ano passado foi comemorada em todo o Brasil e chamada de "nova Lei Áurea". A Proposta de Emenda à Constituição 478/10, também conhecida como PEC das Domésticas, suprimiu o artigo que excluía os trabalhadores domésticos do conjunto de direitos trabalhistas.

Principal articuladora da aprovação da PEC, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) comenta as mudanças.

A alteração parecia garantir igualdade de tratamento entre empregadas domésticas e todos os trabalhadores. Mas mudar a Constituição não basta para garantir novos direitos trabalhistas às empregadas domésticas. É preciso agora regulamentar - detalhar como os direitos serão efetivados. E mais de um ano depois da promulgação da nova emenda constitucional, a regulamentação que garantiria essa isonomia de direitos ainda não foi aprovada.

Está valendo

A principal conquista imediata da categoria foi a regulamentação da carga diária de trabalho, que até então dependia apenas de acordos entre patrões e empregados. Com a promulgação da emenda, nenhum empregado doméstico pode trabalhar mais do que oito horas por dia, e no máximo de 44 horas por semana. O que passar disso deve ser pago como hora extra.

Além da adequação da jornada de trabalho, a regularização contratual também já está em vigor. Um outro projeto aprovado em abril deste ano previu um prazo de quatro meses para que os patrões se adequassem à mudança. Desde agosto, patrões que não tiverem regularizado a situação dos empregados domésticos estão sujeitos à multa de R$ 805,06.

À espera de regulamentação

A alteração na Constituição garantiu aos domésticos dezesseis novos direitos. Mas alguns deles – os que possuem pontos mais polêmicos – ainda estão à espera da regulamentação para começar a valer. Eles estão sendo discutidos na Comissão Mista de Consolidação e Regulamentação desde o ano passado.

O debate tem rendido muita polêmica. O senador Romero Jucá (PMDB-RR) já apresentou seu relatório que, no entanto, ainda não foi votado pela comissão.

“A categoria é uma das mais antigas e das que têm menos direitos”, reclama o presidente do sindicato dos trabalhadores domésticos do Distrito Federal, Antonio Barros, ao criticar a demora na regulamentação do FGTS.

Pelo texto, além da carga horária de 44 horas semanais e máximo de 8 horas por dia, fica estabelecido o adicional de 50% sobre a hora extra trabalhada e não compensada. O projeto fixa ainda o máximo de 12 horas consecutivas de trabalho, seguidas de 36 horas de descanso.

O parecer de Jucá também prevê a obrigatoriedade de recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que vai fazer parte do chamado Supersimples doméstico: uma alíquota única de 20% que inclui os 8% de INSS, 8% de FGTS, 0,8% para o seguro-acidente de trabalho e 3,2% que vai compor um fundo para pagamento da indenização no caso de demissões sem justa causa.

O projeto ainda cria o Redom, um programa para regularização para quem está em dívida com o INSS de seus empregados. O programa parcela a dívida em 120 meses, isenta multas e garante desconto de 60% nos juros relativos ao tempo em que ficou sem recolher.

Redução de impostos

Enquanto a regulamentação segue nessa discussão lenta na Comissão Mista de Consolidação, um outro projeto que reduz a contribuição previdenciária dos empregadores e empregados domésticos já foi aprovado pela Câmara e pelo Senado (PL 7082/10). O texto agora aguarda apenas o encerramento do prazo de recursos para ser enviado à sanção presidencial.

O projeto reduz pela metade a alíquota da contribuição previdenciária paga por patrões e empregados domésticos. Ao invés dos atuais 12%, os empregadores passariam a pagar 6%. Empregados, que hoje contribuem com 8% a 11%, de acordo com o salário, também passam a pagar 6% de INSS. “Acreditamos que a redução vai aumentar a formalização da categoria”, aposta o presidente do sindicato da categoria, Antonio Barros.

Aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça, o projeto, no entanto, não tem o apoio da bancada governista da Câmara, que discorda da renúncia fiscal que a medida exige.