Acompanhe as últimas notícias sobre contabilidade nas principais áreas.

Câmara rejeita mudanças do Senado em MP que aumenta tributação de bancos

Câmara rejeita mudanças do Senado em MP que aumenta tributação de bancos

MP eleva alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido para bancos de 20% para 25% até 31 de dezembro para compensar a desoneração do diesel e do gás

A Câmara dos Deputados rejeitou, na noite desta quarta-feira (23), as mudanças feitas pelo Senado na Medida Provisória (MP) 1034, que aumenta a tributação de instituições financeiras.

A MP eleva a alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para os bancos de 20% para 25% até 31 de dezembro de 2021, voltando a 20% a partir de 2022.

O aumento serviu para compensar a redução dos tributos sobre o óleo diesel e o gás de cozinha.

Mudanças do Senado

Na terça-feira (22), os senadores aprovaram mudanças que permitiram aumentar o período de transição para o fim do Regime Especial da Indústria Química (Reiq) até 1º de janeiro de 2028. O texto original da MP acabava com o programa a partir de julho deste ano. Já o parecer aprovado pela Câmara em 2 de junho havia concedido benefícios ao setor por mais três anos e meio, até 1º de janeiro de 2025. Foi essa a versão que prevaleceu ao final.

Os senadores também haviam excluído as agências de fomento e os bancos de desenvolvimento controlados por Estados da elevação da alíquota de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para 25% entre 1º de julho e 31 de dezembro de 2021. O texto mantinha o patamar anterior ao proposto no texto original da MP, de 20%.

Mas os deputados retomaram o texto original enviado pelo Executivo, que elevou a CSLL do setor financeiro de 20% para 25%. Empresas de seguros privados, capitalização, cooperativas de crédito, entre outras, também passarão a pagar mais: as alíquotas aumentaram de 15% para 20%. A partir de janeiro de 2022, todas as instituições do setor passam a recolher os porcentuais vigentes antes da edição da MP.

Carros para pessoas com deficiência

Os deputados rejeitaram, também, o texto aprovado no início de junho a respeito dos benefícios para pessoas com deficiência adquirirem veículos novos com isenção de IPI.

Na MP original, o governo havia estipulado um teto para o valor dos veículos de R$ 70 mil – pela legislação atual, não há limite. O prazo mínimo para reutilização desse benefício fiscal seria de quatro anos – hoje, não há essa restrição.

A Câmara havia aumentado o teto para R$ 140 mil e imposto um prazo de três anos para a reutilização do benefício. O Senado, por sua vez, havia retirado o teto e colocado dois anos como prazo para reutilização. Prevaleceu, novamente, o texto da Câmara.

Na soma dos incentivos, um carro para PCD pode ter desconto de 20% a 30% no preço de tabela, dependendo do modelo e da categoria. O dado mais recente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) indica que a venda de carros para esse público representa 8% do total de veículos vendidos no País e vem crescendo nos últimos cinco anos.

Segundo dados do IBGE, um quarto dos brasileiros têm algum tipo de deficiência que pode servir como justificativa para a isenção de impostos na compra do automóvel. São quase 70 doenças elegíveis para o direito à isenção, como hérnia de disco, hepatite, osteoporose, diabetes, artrose, AVC e LER.

Compensações

O aumento da tributação sobre os bancos tem impacto de R$ 3,2 bilhões a mais na arrecadação do governo federal, segundo cálculos da Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado. No total, para zerar o PIS/Cofins sobre diesel e gás de cozinha, o governo abriu mão de R$ 3,7 bilhões em arrecadação, ainda de acordo com a IFI, compensados com o fim do programa de incentivo à indústria petroquímica e a limitação do valor de carros que podem ser adquiridos com isenção do IPI por pessoas com deficiência.

As compensações via aumento de tributos e cortes de incentivos são necessárias porque o presidente Jair Bolsonaro, em um aceno aos caminhoneiros, quis desonerar o diesel para dar uma resposta aos sucessivos reajustes que o combustível vinha tendo na esteira da valorização do dólar e do preço do petróleo no mercado internacional.

A política de preços da Petrobras inclusive levou Bolsonaro a demitir o presidente da companhia, Roberto Castello Branco, indicando o general da reserva Joaquim Silva e Luna para o posto.

(*Com Estadão Conteúdo)