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Ministro da Economia busca aliviar peso de FGTS nas folhas de pagamentos, dizem fontes

Ministro da Economia busca aliviar peso de FGTS nas folhas de pagamentos, dizem fontes

Documentos aos quais o Scoop by Mover teve acesso revelam uma mudança radical nos percentuais envolvendo os pagamentos ao FGTS

O ministro da Economia, Paulo Guedes, elaborou três medidas provisórias que visam aliviar o peso dos recolhimentos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, FGTS, e das contribuições ao Sistema S nas folhas de pagamentos das empresas, disse ao Scoop by Mover uma fonte com conhecimento direto do plano.

De acordo com a fonte, que é ligada diretamente a Guedes, as três MPs foram enviadas ao Palácio do Planalto para estudo e discussão. Elas atendem à “necessidade de desonerar a folha de pagamento e salários com o objetivo de reduzir o custo de contratação de mão de obra e, dessa forma, estimular a geração de empregos”, de acordo com documentos vistos pelo Scoop.

Os documentos revelam uma mudança radical nos percentuais envolvendo os pagamentos ao FGTS – assunto pontuado pela fonte. A minuta da primeira MP indica redução de 8% para 2% na alíquota mensal relativa à contribuição devida para o FGTS. A minuta da segunda MP aponta alteração de 40% para 20% na indenização sobre o saldo pago ao FGTS em caso de demissão sem justa causa.

Já a terceira MP corta as alíquotas referentes às contribuições para o Sistema S. Elas passariam a ser de 0,30% para o Sebrae; de 0,50% para Senac, Senai e Senat; de 0,75% para Sesi, Sesc e Sest; e de 1,25% para o Sescoop e o Senar.

Procurados, o Ministério da Economia e a Casa Civil não comentaram as informações.

As MPs seriam apresentadas em plena corrida eleitoral e podem reforçar as diferenças programáticas entre o presidente e atual candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, e Luiz Inácio Lula da Silva, cuja discurso econômico busca defender mais direitos trabalhistas e aumento do salário mínimo.

De acordo com a fonte, uma das metas do Ministério da Economia é entregar uma forte recuperação do emprego até a eleição. O governo acredita que partes da atual legislação trabalhista impedem uma queda mais rápida e sustentável do desemprego.

Nesta sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística informou que o desemprego terminou o primeiro quarto do ano em 11,1%, abaixo da taxa esperada pelo mercado de 11,4%. Caso o desemprego caia para menos de 10%, a taxa representaria uma empregabilidade não vista desde 2015, quando o país estava na sua pior recessão na história.

‘Impacto da pandemia’

“Não menos importante são os efeitos das medidas para a recuperação econômica do país, que ainda sente o impacto da pandemia” do coronavírus, disse Guedes em justificativa escrita endereçada a Bolsonaro por conta das propostas de MPs. “Assim, a redução da carga tributária favorece o crescimento e o desenvolvimento econômico do país, pois auxilia na retomada da atividade econômica, bem como na geração de emprego e renda”.

Essa nova tentativa do Ministério da Economia se mostra um tanto mais agressiva do que as anteriores. Desde a criação do plano de governo, Guedes indicava que desejava mudar os volumes de contribuição para o Sistema S e que o FGTS poderia mudar por meio da criação da Carteira de Trabalho Verde Amarela. Contudo, as tentativas fracassaram em meio às discussões no Congresso.

Em setembro de 2021, por exemplo, rejeitou a Medida Provisória 1.045/2021, que flexibilizava jornadas de trabalho e garantia a continuidade do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, criado na pandemia com o objetivo de manter o maior número possível de carteiras assinadas.

Senadores temiam mudanças permanentes na legislação trabalhista, o que incluía mudanças nas alíquotas do FGTS — o que havia sido incluído na MP durante a discussão na Câmara dos Deputados.

Agora, caso a MP já saia com as mudanças nas alíquotas, isso passa a valer no ato de sua publicação do Diário Oficial da União — algo que forçaria o Congresso a deliberar sobre esse tema. Caso a decisão seja a de deixar caducar a MP, ela teria validade por 90 dias, com possibilidade de ser renovada por mais 90 pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, e poderia exercer forte pressão sobre o ambiente eleitoral.

Fonte: https://tc.com.br/noticias/politica/guedes-busca-aliviar-peso-de-fgts-nas-folhas-de-pagamentos-dizem-fontes

Texto: Machado da Costa
Edição: Allan Ravagnani e Guillermo Parra-Bernal
Imagem: Vinicius Martins / Mover